terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Mentiras culinárias - parte III


Esta é a legítima torta de maçã com sorvete de creme. Trata-se de uma sobremesa leve e adocicada no ponto - eu particularmente não sou muito fã daqueles doces enormes, cheios de chantily e calda de chocolate que costumam servir em diversos restaurantes brasileiros. Eles geralmente têm um gosto homogêneo e enjoativo - além de serem calorias solidificadas e nada mais...
Enfim, esta foto eu tirei em um bistrô fofo em Paris, no famoso bairro Quartier Latin. Diferentemente da nouvelle cousin como um todo, a iguaria não é tão pequena - diria que é do tamanho certo. E a textura, ai ai... Macia e quentinha de dar água na boca. Reparem que eles não exageram na calda - pois ela é feita apenas para dar um gostinho, não para tomar conta do sabor.
Ai que delícia... Qualquer dia tento fazer em casa. E, claro, depois narro a experiência!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Mentiras culinárias - parte dois


Numa das minhas pátrias - o Nordeste - quando uma pessoa é cheia de frescura, dizemos que ela é "queijuda". Pornograficamente, uma pessoa precisa "tirar o queijo", ou seja, receber as bênçãos sexuais (!!!) para deixar de ser fresca, e por aí vai. Provavelmente na França, ser queijudo seria elogio, pois as versões que existem relacionadas à iguaria são de matar de susto qualquer alergia a lácteos...

O queijo desta foto (se é que podemos chamar assim) foi encontrado deitado singelamente em um refrigerador de um mercado público, em Versailles. Quando eu estava me aprontando para tirar a foto, o vendedor ficou me olhando de forma tão esquisita que tive que explicar. Desenferrujando meu parco francês, susurrei: "Pardon monsieur, mais je voudrais faire des photos. C'est possible?". Como sei que os franceses AMAM quando tentamos falar francês - mesmo mal e porcamente - o vendedor escancarou um sorriso e me deixou em paz. Não imagino o que ele deve ter pensado...
Morri de vontade de provar tamanho exotismo, mas estava sem dinheiro no dia. Até porque, se você reparar bem, vai ver que o quilo custa cerca de 25 euros, o que dá, em média R$ 80,00!!!!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Mentiras culinárias - parte um


Esse título não tem exatamente uma relação direta com a série que resolvi começar. A idéia é trazer algumas informações sobre a mais famosa das culinárias - a francesa - tudo regado a fotos coloridas.

Não sou uma especialista em culinária européia, sou mais uma curiosa. Mas a francesa sempre me fascinou... Trata-se de um povo que se preocupa com detalhes - ok, não tanto quanto os orientais - e com a beleza dos pratos. Desde o surgimento da nouvelle cousin - a corrente culinária contemporânea francesa - o olhar parece se sobrepor ao apetite, pois os pratos em geral são (muito!) pequenos mas parecem esculturas. Os cozinheiros, por sinal, mudaram de status - agora são chefs - e recebem tratamento de artista.

Para começar, aqui está uma típica estante de feira na França, em Versailles (muito chique...rs!). Ao contrário do que os brasileiros pensam, mercados europeus também têm frutas e verduras variadas... E muitas vezes são mais saborosas que as dos nossos mercados. Os preços são mais salgados que aqui - como tudo o mais, ora! - mas a variedade muitas vezes compensa o preço. Percebam como as cores são belas.... Como as estantes são limpas e organizadas.

Ouvi uma vez que as feiras e mercados públicos são os melhores lugares para conhecer a cultura de um país. Vamos ver o que esta séria nos diz, hehe.

Em tempo: o título desse texto é apenas uma estratégia de marketing para chamar a atenção para a leitura. Será que deu certo???

domingo, 13 de janeiro de 2008

Dez por cento por ele mesmo...

Pesquisando numa dessas noites abafadas do Rio, encontrei uma matéria falando de algo que dá sentido a este blog: os 10% pagos aos garçons nos restaurantes/botecos/bares/cafés/bistrôs/congêneres ... Trata-se, vocês já devem saber, de uma característica genuinamente tupiniquim, pois em alguns lugares dar gorjeta é, no lugar de uma gentileza, um verdadeiro insulto (Japão, por exemplo).

Pois bem... Como relata o grande Delfin no site Overmundo, no Brasil os 10% são uma obrigação que a gente precisa pagar mesmo que o atendimento seja realmente péssimo. Alguém ai já deixou de pagar os "opcionais" 10% por causa de um mau atendimento???

A taxa faz, realmente, muita diferença. Quando a conta é pequena, muitas vezes nem damos importância aos R$ 2,00 ou R$ 3,00 que aparecem a mais. Mas imagine, por exemplo, uma conta de R$ 300,00, muito comum tanto em restaurantes mais requintados quanto em momentos em que estamos em grupos.

É por isso que faço aqui uma promessa: quando abrir meu restaurante de aposentadoria, os cardápios vão conter os preços normais e, entre parênteses, o valor acrescido dos 10%... Quem sabe essa moda transparente não acabe pegando?

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Adoro (bons) garçons!!!


Talvez ainda não tenha contado o meu grande sonho de aposentadoria: abrir um restaurante brasileiro com toques franceses e contemporâneos. "Mas por que só na aposentadoria?" Ah, porque eu quero encarar essa minha paixão como um hobby, não como um trabalho competitivo onde a perfeição é uma obrigação! Por causa disso, sempre que vou a um restaurante/bar/bistrô/boteco/lanchonete/café presto muita atenção nos detalhes para, no futuro, copiar o que cada um tem de melhor.

Quando eu digo tudo, é tudo mesmo!!! Desde o azulejo dos banheiros, passando pelo conforto das cadeiras e indo parar na eficiência dos garçons. Sim, porque desde há muito eu sei que o atendimento é, realmente, o elemento mais importante de um restaurante. Se o garçom é bom, a gente suporta com bom humor alguns defeitos, como a demora de um prato ou o erro na hora de calcular a conta. Quantas vezes deixei uma gorjetinha básica para o garçom (afinal, ainda não posso dar nada além do básico...rs!) mesmo tendo esperado uma eternidade por um simples cafezinho...

A alguns garçons, já cheguei a dizer que vou roubá-los quando abrir meu próprio estabelecimento, hehe. Um dos restaurantes que gosto muito especialmente devido ao atendimento é o Emporium Pax do Plaza Shopping, em Niterói. Adoro o local por vários motivos: ele fica em um lugar mais bonito, calmo e limpo do que a terrível praça de alimentação de lá, as saladas fartas que podemos montar são simplesmente divinas, o capuccinho é super bem preparado, os sucos são feitos com frutas bem maduras, que dispensam açúcar, a variedade do cardápio agrada a muitos gostos, algumas sobremesas são até baratas (as tortas deliciosas feitas por eles mesmos custam R$ 5,00 a fatia) e os preços não são abusivos. Mas o grande diferencial é a simpatia, paciência e eficiência dos garçons. Não só comigo, que sou cliente fiel há três anos, mas com todo mundo - acreditem, pois sou extremamente observadora.

Quase todos são simpáticos na medida certa (garçom intrusivo é um saco!!!) e muito educados. Dois ou três se destacam principalmente porque sabem se portar em momentos estressantes... Perto do Natal passado, fui ao shopping comprar minha langerie de ano novo (!!!) e almocei lá. A área externa do restaurante, que parece um café, estava lotada e apenas dois garçons atendiam a todos os pedidos. Como há muitos pratos rápidos, a rotatividade de clientes era impressionante, e todos, obviamente, estavam cansados e famintos. Apesar de minha salada maravilhosa ter demorado um pouco, o que é compreensível em se tratando de final de ano, achei ótimo para observar os comportamentos humanos ao meu redor.

Mas minha atenção foi toda para a atuação dos dois garçons. Eles pareciam em transe e conectados pelo inconsciente: não se atrapalhavam e agiam com muita rapidez: assim que uma mesa estava livre, um deles aparecia para limpá-la enquanto o outro ia ver um pedido que estava demorando. Ouviram várias reclamações por causa da demora e, na mesma hora, davam uma explicação e iam verificar o pedido. Retornavam com a bandeja cheia de bebidas e pratos e distribuiam tudo corretamente.

Eu fiquei tão encantada que no final, mesmo tendo esperado 15 minutos pelo capuccino (que, aliás, vem acompanhado com uns incríveis merengues de amêndoa que só vi por lá), percebi que um casal de velhinhos esperava há muito pelos pratos e resolvi dar uma ajuda, avisando um dos garçons.

Não tenham dúvida que o Emporium vai perder alguns garçons quando meu restaurante vier à tona, hehe.

domingo, 6 de janeiro de 2008

TPM com vinho...

Eu poderia abrir o segundo post do ano falando de um livro de culinária que acabei de comprar, sobre uma massa que fiz neste dia de domingo, sobre os queijos que provei na padaria do lado... Mas vou ter que falar de vinhos mesmo... Como vai ficar claro nas linhas abaixo, foi o destino quem quis assim...

Estava eu voltando para casa, depois de vários minutos escolhendo frutas e verduras no Hortifruti de Icaraí, quando meu amado lembrou que uma filial da Expand acabou de abrir naquele bairro, na Miguel de Frias. Como vocês já sabem, eu adooro vinhos!!! E a Expand é uma importante importadora, que fornece vinhos para muitos restaurantes do Sudeste. Resolvemos dar uma passada por lá, só por curiosidade.

Logo de cara, levei um susto: ao contrário do que se esperaria, o ambiente é minúsculo!!!! Tudo bem, isso não desmerece lugar algum. Mas os vinhos de apresentação da casa, que não ficam nas adegas carísssimas, se resumem a umas poucas garrafas de países representativos (Chile, Argentina, Austrália, Portugal, África do Sul...). Os preços são legais, mas os vinhos ficam todos meio perdidos... Não há legenda nas estantes, o que prejudica os "não-iniciados" como eu... Sem falar no excesso populacional: em pleno sábado à tarde, quatro funcionários dividiam as tarefas... E eu era a única cliente!!! Depois de uma rápida olhada, acabamos levando dois vinhos para provar. Quando fechamos a conta, para finalizar, eu tive que pedir nota fiscal... O mínimo que se espera de uma importadora respeitável é a preocupação em mostrar que é honesta, não?

Bem... prometo que o próximo post será mais simpático...

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

doce, doce, doce, a vida é um doce, vida é mel...


Ok, sabemos que nem sempre a "vida é mel"... Mas vou começar 2008 com uma delícia de adoçar até o mais amargo dos gostos...
Esta obra de arte aí do lado foi planejada por um dos chefs mais talentosos de Pernambuco: Leandro Ricardo. Ele já teve restaurante, já badalou em coluna social... Mas seu maior talento é a criação e montagem de cardápios. Ele é autor do menu do Café Portenho, um espaço que mistura culinária brasileira com argentina na maior tranquilidade. Chef Leandro já me disse, em entrevista, que se esmera na visual dos pratos que inventa. Não sei se isso é bom: seus doces costumam ter uma apresentação tão especial que sinto pena de estragar o cenário com uma colher. Uma vez pedi um simples creme de papaya... Mas o garçom me serviu o doce em uma bandeja branca de porcelana com três divisórias, para que eu degustasse tudo aos pouquinhos. O cassis veio separado em um pequeno bule.
Em tempo: o capuccino que acompanha o doce vem misturado com sorvete e chantilly. A iguaria que está em primeiro plano é um petit gateaux de doce de leite com calda zerada de chocolate; tudo acompanhado com sorvete de creme (sempre ele!) deitado em uma fina camada de uma massa parecida com pão de ló. É para comer rezando e esquecer a silhueta...